segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Grito da diversidade

Tentar fazer rock durante o carnaval é um desafio, mas um desafio que de 2007 pra cá está sendo enfrentado pelo festival Grito do Rock, um festival de música independente que acontece em várias cidades durante o carnaval. Só aqui no estado de Rondônia aconteceu em Porto Velho, Ouro Preto do Oeste, Vilhena e acontecerá hoje, dia 15/02/2010, em Ji-Paraná. Imagine quantas cidades não estão envolvidas nesse festival no Brasil, imagine quantas bandas e mesmo assim é provável que poucos de vocês leitores já tenham ouvido falar desse festival.

Acontece que a mídia nacional de tempos em tempos escolhe qual será o ritmo em foco, assista ao programa do Faustão semanalmente e verá como é tendencioso, houve épocas recentes (de 10 anos pra cá) do axé puxado por Ivete Sangalo e Claudia Leitte (na época ainda com nome de Babado Novo), do funk carioca, alavancado por um novelinha besta e por Tati Quebra Barraco e Mc Leozinho, do Pagode, tendo como principais bandas em foco Sorriso Maroto e Jeito Moleque, do forró, puxado pela Banda Calypso e Aviões do Forró e até o rock nessa década teve época como centro de visibilidade e as bandas principais dessa época foram CPM 22 e Charlie Brown Jr, isso aconteceu em torno de 2002. Hoje em dia vivemos a época do Sertanejo Universitário, que é um ritmo que em alguns momentos lembra um pop rock com mais chororô, essa moda já vem de alguns anos como a principal do Brasil e começou principalmente com as duplas Victor e Léo e Cezar Menotti e Fabiano e já está com seus dias contados.

A mídia sempre foi e sempre será ao menos um pouco tendenciosa a brasileira manipula os gostos musicais das pessoas tocando apenas um estilo por época, fazendo com que muita coisa boa dos estilos “fora de moda” fique fora da mídia nacional por certo tempo, faz com que se criem milhares de grupos musicais do estilo remanescente com esperança de que façam sucesso e que talentosos grupos de outros estilos acabem por não aparecer na grande mídia. Não creio que essa manipulação seja proveitosa nem para a música nacional, que perde em diversidade, nem para as grandes mídias que acabam divulgando menor número de músicas que poderiam, além disso, a intensa execução serve como um prazo de validade curto para as músicas, já que diminuem o tempo que essas músicas (e consequentemente seus estilos) veicularão sem cair em desgosto popular.

Um revezamento musical não é impossível de ser feito, em outros países. como os mais visados musicalmente E.U.A e Inglaterra, ocorre esse revezamento, há tendências também, mas bem menos acentuadas que as que ocorrem por aqui.

Abrindo espaço para vários estilos, as grandes mídias atrairão um público maior, já que todos estilos tem seu público fiel, poderão divulgar mais bandas e por mais tempo, já que com esse “revezamento musical” demoraria mais para o público geral enjoar das músicas mais tocadas.

O grito do rock é o paradigma de que há (ou pelo menos haveria) espaço na mídia para todos. Os fiéis rockeiros, forrozeiros, axezeiros, funkeiros, pagodeiros e eiros em geral agradecem.

O Grito do Rock é na verdade o Grito da Diversidade.


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Já tinha terminado meu post quando assisti a esse vídeo http://www.youtube.com/watch?v=vCcmEwSmNmc&feature=player_embedded# e não pude deixar de colocá-lo aqui. Claro que essa não é uma banda de axé pra quem não conhece, mas essa é com certeza a melhor música de axé que eu já escutei.

Viva la diversidad!

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