Algo como: Você que tanto exalta o futuro, porque
critica tanto a humanidade que será responsável por isso¿
Apesar de ter considerado a pergunta
pertinente, fico um pouco desapontado com a interpretação que tenham tido de
meus textos.
Conhecemos a nossa humanidade. Nada que disse
até aqui é novo sobre ela. Sabemos que a maioria de nós é convicta de verdades
infundamentadas. Que muitos de nós perdemos a capacidade de questionar, que
alguns de nossos mais naturais e belos extintos são execrados pela sociedade.
Que nossa característica evolutiva vem sendo considerada como o maior dos
males. Que os sistemas de organização da sociedade são maquiagens da real
situação. Que há hipocrisia sobre tudo. Que a maioria de nós são apenas
fantoches, mortos-vivos e terão em sua existência um motivo tão vão quanto um
sermão sobre pecado. Não há novidade.
Sim, exalto o futuro. Talvez eu seja um
Quaresma de Lima Barreto, há um pouco de esperança em meio aos meus devaneios.
Porque não haveria¿ Sou obrigado a acreditar no fado adverso que nos pressagia¿
Há esperança sim e nesse ponto que me
desaponto com tal questionamento. Sempre me coloquei como crente que a
humanidade é uma coisa completamente diferente, diria até que oposta ao que
indica o extinto humano. O caminho para o futuro que “exalto” parte do extinto
e não do que fizeram dele.
Fomos deixados levar por nossas fraquezas,
mas essencialmente somos os mesmos, o que nos falta é despertar o ‘olho de
tigre’. A crença em nós mesmos e não no alheio, independente desse ser cósmico
ou não.
Gerações e mais gerações sofreram inversão de
valores. O que seria motivo de empolgação: as descobertas, a exaltação do ego,
a seleção natural, a competitividade, os questionamentos, foram controlados
para que seja introduzida a ideia do rebanhismo.
Uma reformulação mais plausível da pergunta
que recebi seria:
-Você que tanto crê no extinto humano, por
que critica tanto a humanidade¿
E respondo:
A humanidade sofreu por séculos uma imposição
sobre seu extinto. O que restara dos nossos extintos precisam ser reativados,
os males foram jogados em cima de nossos bens. Aí me atrevo a julgar o bem e o
mal, não com convicção, mas com um número alto de evidências que me levam a
acreditar nisso.
Quando ainda lutávamos pela nossa
sobrevivência, quando os mais fortes se elevavam sobre os mais fracos, quando
faltava força e se vencia com inteligência, quando sobreviver era orgulho,
quando esperar de terceiro era sinal de fraqueza, enquanto tudo isso acontecia
nós seguimos nosso caminho até chegar aqui. Vencemos a fúria dos mais fortes,
os castigos dos próprios mãe e pai naturais.
Por que não acreditar que podemos vencer a nós mesmos¿
Em certo ponto o mais antigo ancestral está a
nossa frente. Cabe a nós o retrocesso moral que já se mostrara historicamente
muito mais efetivo.