segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Ao Infinito e Além: A Felicidade



Há quem acredite em receita para felicidade, exemplos não faltam de pessoas que creem em tamanho absurdo.
Cristãos, Judeus, Budistas, Astrólogos, Feiticeiros, Epicuristas etc. Todos tem seu manual de comportamento das mais diferentes formas para se alcançar na impertubabilidade, na conveniência, na ilusão, na omissão, na negação da vida, uma felicidade fajuta, um contentamento descontente, um sorriso forçado taciturno. Mal sabem que o estado de felicidade não pode ser forjado. O que se diz ser e o que sente são coisas diferentes. A esperança é um modo lento e contínuo de ceifar uma possível vida. Quando perceberem que a ilusão lúcida é uma piada, rirão melancolicamente com lágrimas nos olhos.  Um mundo sobre a ótica da ataraxia com pessoas em estado de Nirvana faz de Aldous Huxley uma espécie de profeta.
A todos esses esquizofrênicos restam apenas o tempo, a espera, a vida não merece ser chamado de vida, mas de castigo. Um castigo duro e eterno cuja consciência nunca será tomada. É lamentável a ideia de sobreviver com preceitos empurrados goela abaixo, com um padrão imposto cujo não se pôde discordar. A felicidade como produto, estampada das mais variadas formas: Você como uma marionete do inconsciente coletivo. Seus pensamentos mais criativos, aguçados e empolgantes se tornaram motivo de repulsa por um medo de fugir dos padrões.
No entanto essa sensação de impotência o torna tolo. O cumprimento dos objetivos e a real satisfação são negativo, positivo, cão e gato, retas paralelas. Jamais se encontram. O motivo é a falta de critério para a formulação dos objetivos. A única fonte real da felicidade é execrada. Os desejos mais sinceros são os mais omitidos. Aquilo que o subconsciente produz é considerado o mais baixo pelo padrão manipulador é o que de mais sincero há no que restou das almas desses seres, algo que acabam sempre omitindo e causando um vazio interior, preenchido por mentiras e ilusões. Tudo em prol de um ideal inexistente. Uma fraude ofensiva à evolução da humanidade.
“Agradeceis o que tem”, dizem tais esquizofrênicos. E eu gargalho de seus preceitos infundados. “Agradeceis o que tem” dizem as almas mortas, e eu lhes retruco: - Agradeceis o que não tem, pois é seu caminho a seguir.
O constante desejo de ser, de ter, de crescer, de aparecer, isso nos move, isso nos satisfaz, mas só momentaneamente, e isso nos faz estar no topo, essa característica que fez o homo sapiens ser o que é. O desejo de sermos os melhores, os mais desenvolvidos, de termos mais, de mais conforto, de mais status, de sermos reconhecidos. Onde não se há desejo não há satisfação verdadeira, mas onde se não se há satisfação, há desejo.
Ao contrário da maré eu digo minha verdade: A insatisfação é requisito básico para a felicidade. Você não lera errado. Repito: A insatisfação é requisito básico para felicidade. Há necessidade de tristeza para que haja felicidade, a oscilação que nos faz feliz, não a constância. A tênue é venenosa, é traiçoeira, enquanto bate nas suas costas enchendo o pulmão para dizer-te: “-Bom trabalho.”  te apunhala quando mais frágil está. E quando acordar e notar que voltara a realidade que no fundo da alma tanto enoja, a agonizante sensação de tristeza percorrerá por todo corpo, já que a alma morta é inerte. A agonia incontida nem ao menos será entendida, não saberá por que não estão satisfeitos, mesmo que tudo que ‘quisera’ tenha conseguido. Mesmo o mais bem sucedido profissional cujos pais moldaram forçadamente suas aspirações sofre desse mal. Pode diagnosticar sua depressão, mas não o motivo dela.
Eu indico a meus pacientes a insatisfação. O desejo contínuo de manter-se insatisfeito, é isso que dá forças para enfrentar os fados adversos e vencendo-os ou perdendo-os, erguer-se e reerguer-se.
Amiúde insatisfaça-se.

Um comentário:

  1. Legal Gostei , a parte que instiga a sempre querermos mais eu concordo a nossa "Ganância" é que nos faz sempre procurar evoluir mais e mais.

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