quinta-feira, 26 de maio de 2011

Homenagem Aos Macacos do Ártico

Há muito se fala em uma crise no cenário musical, é quase uma unanimidade opiniões concordando com a dita crise. Alguns dizem que a música começou a cair na década de 90 com o Grunge, outros com o New Metal, outros dizem que foi com o Hard Rock e Glam Rock da década de 80, outros dizem que fora com o movimento Punk com início do movimento punk na década de 70 e outros mais radicais (fantasiosos) dizem que desde os Beatles não se faz nada de bom.


Tá certo, até concordo que o cenário musical não está tão bom quanto por exemplo no fim da década de 60, início da de 70, mas dizer, como alguns dizem, que não há mais nada de bom, é fechar os olhos pra uma geração cheia de nomes tão bons quanto das melhores épocas da música. Arcade Fire lançou uma obra prima aclamada por crítica e público ano passado, Kings Of Leon a cada CD melhora as vendas sem repetir a fórmula do CD anterior e sempre incrementando o som, The Strokes após um hiato de 5 anos lançou em 2011 um grande álbum, Franz Ferdinand emplacou 2 hits nas rádios do mundo inteiro em 2009. Mais veteranos, Muse e Radiohead lançam discos sempre coesos e inovadores que encantam o público e a crítica, Foo Fighters, Metallica, Bruce Springsteen, Pearl Jam, Red Hot, Coldplay Scorpions, ACDC entre outros, continuam lançando bons CD’s mesmo depois de serem consideradas bandas consagradas, mas esse texto não teria sentido se não citasse uma banda em especial.


Ano de 2005, o modelo de mídia musical vinha em grande transformação, competir com a pirataria e com a reprodução sem direito autoral pela internet parecia impossível, eis que uma banda Sheffield passa a divulgar pioneiramente todo seu material gratuitamente na internet. Passa a fazer sucesso primeiro na região e depois em todo país e finalmente em 2006 a banda lança seu primeiro álbum de estúdio, Whatever People Say I Am, a resposta foi o novo recorde de vendas de um disco de estréia de banda britânica ultrapassando Definitely Maybe de 1994 do Oasis. Se trata de uma obra-prima moderna, sem grande parafernália a banda mostra um som inovador, dançante, jovem, bem humorado, ao mesmo tempo maduro e coeso. Boas letras, uma ótima cozinha, destaque total ao baterista Matt Helders, e para as melodias que funcionam tanto para rádios quanto para os críticos mais ferrenhos e a voz inconfundível do frontman e líder da banda Alex Turner. Obra-prima número 1


O segundo álbum, apesar do curto espaço de tempo entre o lançamento do primeiro e do segundo, gerou grande expectativa por toda repercussão do anterior, e toda essa expectativa não acabou em decepção. Favourite Worst Nightmare é outra obra-prima de marcar época, os 3 singles do álbum são 3 clássicos da nova geração, Brainstorm, mostra realmente um Brainstorm musical, mais uma vez com destaque para Matt Helders, Teddy Picker, é fantástica, o clima melancólico do riff em contraste com a voz nada agressiva de Turner somado aos breaks providenciais fazem uma obra-prima, mas o destaque não só do disco como da banda até o momento, é a quinta música do disco e segundo single. Fluorescent Adolescent é um rock pra se ouvir, dançar, cantar, se emocionar ou simplesmente para se curtir a melodia viciante e os arranjos extremamente bem postados. O resto do álbum só engrandece o pouco que aqui falei. Obra-prima número 2.


Nesse tempo Arctic Monkeys já havia se tornado a banda queridinha dos descolados, dos críticos desolados, ou mesmo dos apreciadores da boa música sem preconceito. Eis que surge um novo nome na história da banda, Josh Homme, aquele mesmo que é uma das maiores figuras da história recente da música, Josh Homme já consagrado músico já havia recusado vários convites para produzir bandas, mas acabou cedendo aos Monkeys pelo fato que ele mesmo relatou que a banda “quer trabalhar o máximo que puderem”. A expectativa atingiu o cenário indie, a parceria com o louco Josh Homme gerou desconfiança sobre qual tipo de som estaria por vir, e realmente quando em Agosto de 2009 o álbum foi lançado, alguns torceram o nariz para as mudanças bruscas no som da banda, a explosividade da banda foi trocada por um som às vezes melancólico, às vezes sombrio ou mesmo às vezes ‘Josh Homme’ os refrãos radiofônicos foram sendo trocados por refrãos menos sonoros, esquisitos, diria até que um pouco psicodélicos. A mudança foi brusca, mas jamais negativa, os Monkeys nunca soaram tão maduros, as letras se mostraram mais maduras, assim como as performances. Os clipes foram um show a parte, Crying Lighting, uma das melhores músicas da carreira da banda e disparada a melhor do Álbum ganhou um clipe digno de bandas de garagem com edição de vídeo no Movie Maker, o que dizer então do clipe da sombria e tocante Cornerstone onde a imagem fica parada em Turner cantando performaticamente sozinho toda a música, ou então das luzes psicodélicas de My Propoller. No fim das contas é um álbum diferente e fantástico, méritos de uma banda que fez 3 álbuns de estilos diferentes soarem naturais. Obra-prima número 3.


Logo após o lançamento de Humbug já comecei a expectativa para o quarto álbum, o que mais esses 4 garotos (sim, ainda garotos) seriam capazes de criar? Seria um álbum voltado ao animado Whatever People Say I Am? Ao agitado Favourite Worst Nightmare? Ao psicodélico Humbug? Ou seria algo novo....


Ano 2011, mês de Maio, dois clipes, (Brick by Brick e Don’t Sit Down Cause I Moved Your Chair) expectativa criada, e eis que o álbum vaza na internet, Suck It And See já começa marcando presença pelo forte nome e pelo compacta capa, e após o início de She’s Thunderstorms não restava mais dúvida, se tratava de um grande álbum. She’s Thunderstorm é uma poesia com melodia, o clima agradável continua com Black Treacle, música tão bonita quanto a interior e possível candidata a single e consequentemente ao sucesso, nesse momento, os riffs arrastados por slides já se tornaram característicos do álbum. Brick By Brick, é pegajosa ao extremo, animada, empolgante, sem deixar a qualidade musical de lado, a música tem belos riffs, breaks e um bom solo. Voltando as músicas ‘fofinhas’, The Hellcat Splangers Shalalala é a mais forte nesse sentido, a bateria sempre marcante de Helders ganha o belíssimo acompanhamento da linha de baixo de Nick, o refrão é um caso a parte, o Shalalala soa tão despretensioso quanto belo, mas com certeza faz da música um potencial single. Don’t Sit Down Cause I Moved Your Chair resgata a psicodelia do álbum Humbug com um peso ainda não visto no som da banda, a distorção no baixo deixa um clima sombrio que contrasta com o animado refrão, a letra é um caso a parte, alguns comentários a chamaram de tosca, outros, como o meu, a chamaram de originalíssima, o título da música já alerta, tome cuidado porque eu posso te derrubar, talvez um aviso para os dinossauros do rock. Library Pictures arrebenta do início ao fim, rápida, virtuosa, cheio de break’s que recuam o tempo da música para lhe fazer cantar fortemente esperando ansiosamente a volta da ‘quebradeira’, muitos consideraram Library Pictures a melhor música do álbum. All My Own Stunts parece tirada dos melhores momentos de Humbug, já que tem todo clima do álbum antecessor. Como nunca em outro álbum, a linha de baixo dos Monkeys apareceu nesse álbum, Reckless Serenade começa com uma bela e simples linha que vai sendo complementada pouco a pouco como uma Starway To Heaven (longe de mim comparar), o resultado é a criação de um clima extremamente agradável com uma melodia ditada pelos sons sutis das guitarras, e assim como toda boa música que cresce durante sua duração, Reckless Serenade chega ao apogeu com o refrão seguido de seu último solo e do backing vocal providencial na última repetição do refrão, o maior mérito da música é conseguir fazer tudo isso descrito acima em menos de 3 minutos. Opinião: Melhor música do álbum. Piledrive Waltz continua com o bom clima criado em todo álbum, uma boa música pra um casal de descolados se divertir com uma letra bem psicodélica. Love Is A Laserquest é a mais fraca do álbum, passa desapercebida perto de tantas excelentes músicas. Suck It And See é uma boa canção, é uma balada animadinha com uma bateria marcante e um refrão grudento, a baixa fica pelo fato da expectativa gerada pelo nome da música indicar outro tipo de música. A saideira do álbum não poderia ser melhor That’s Where You’re Wrong, é um resumo geral de todas as características do álbum, tem bateria marcante, boa linha de baixo, bons e calmos riffs, um refrão marcante e altamente radiofônico, break’s que conseguem fazer o que se espera de um, criar expectativa para algo grandioso, e o que se vê é isso, é o maior dos méritos que pode se conseguir com a música, soar grandioso com o que virtuosamente parece fácil, uma demonstração total do talento dos 4 rapazes de Sheffield, o fim da música lembra o clima de nostalgia criado no fim de A Certain Romance, música que finaliza o primeiro álbum da banda. Obra-prima número 4.


Arctic Monkeys nunca terá o reconhecimento devido para a história da música pelo fato de estar na época errada, mas que em termos de qualidade eu (e acredito que boa parte da crítica especializada) teria audácia de citá-los com certeza como a maior banda dos últimos 10 anos, talvez dos 15 últimos anos, possivelmente até dos últimos 20 anos e com certeza é uma potencial banda para entrar para o hall das maiores bandas da história.


A banda que em 2006 foi considerada a salvação do rock, em 5 anos apenas cresceu e com o recente lançamento (nem lançado oficialmente o álbum foi), só resta a expectativa de como será o quinto álbum da banda. Será a quinta obra-prima? A maior delas? Qual rumo será tomado? O que será que eles ainda são capazes de criar e de inovar? Bem... Resta aos mortais esperarem mais 2 anos (se a escrita se manter).

domingo, 8 de maio de 2011

Re-post

Ao Infinito e Além: Cético

Quem duvida da vida tem culpa, Quem evita a dúvida também tem

Ainda não achei um escritor que me satisfaça plenamente. Não, não estou falando de satisfação sexual, seu mente poluída, estou falando de um escritor que eu concorde com tudo que ele fala.

Consigo concordar com inimigos políticos, adversários de idéias, esquerdistas e direitistas, virtuosos e velozes, técnicos e grossos, conservadores e revolucionários, gregos e troianos, girondinos e jacobinos, caprichosos e garantidos. Enfim, ninguém é tão errado que não esteja um pouco certo na opinião de outro alguém, assim como ninguém (nem nada) deveria ser tão certo que não esteja um pouco errado na opinião de outro alguém. É uma virtude minha creio eu, é um princípio cético (ênfase no c) que sigo.

Enxergo um problema há algum tempo no que diz respeito a onde pessoas procuram informações para formar suas opiniões, não falo de pessoas desentendidas aqui, falo de pessoas capazes de ter opinião só que de acordo com suas criações, na maioria das vezes familiares, aprenderam a não duvidar de certas coisas. Enxergo pessoas que procuram formar opiniões de acordo com coisas e pessoas e não de acordo com idéias.

Falta um ceticismo mínimo pra quem for adepto árduo do fatalismo, duvidar antes de acreditar é importante, independente de que, de quem, de onde tenha vindo informação, duvide, investigue, não tome como verdade indubitável nada que não é comprovado, aliás, duvide do que seja comprovado também, se não duvidássemos de nada que fosse “provado” estaríamos nas cavernas até hoje.

Numerólogos, Cartomantes, Astrólogos, Cristãos, leitores assíduos de grandes revistas que colocam colunistas que criticam tudo e todos só porque vende mais, ou garotinha teen que acompanha o horóscopo na revista capricho, duvidem de onde vêm suas concepções, nada nem ninguém tem resposta pra tudo. Na verdade não há nem pergunta pra tudo, quanto menos resposta, portanto duvide sempre, duvide do que você ouve, do que você fala e até do que você vê. Forme você sua opinião, não tome a opinião de um crítico super famoso como verdade só porque ele é convicto no que diz, a convicção é a rainha da falta de outra opinião. Não tome as palavras de um livro antigo (sacou agora?) como verdade só porque desde cedo mamãe sempre te fez temer aquelas palavras, você não conseguiu parar de temer bicho papão?

Lembre-se: Nem tudo que reluz é ouro, ou seja, nem toda palavra bonita, aliviadora, salvadora é verdade, nem toda glosa bem feita, nem todo texto bem escrito (incluo aqui os meus) é confiável.

Forme a sua verdade, porque a verdade é que não há verdade alguma.

*****

O titulo desse texto é um trecho da letra de Somos Quem Podemos Ser – Engenheiros do Hawaii.