Eu fiz uma promessa. (depois da tempestade vem a Bonanza)

Eu não diria uma promessa, talvez uma loucura insensata. Eu decidi passar 28 dias sem fazer a barba. Por quê? Não sei. Não sou supersticioso, não acho o Chuck Nolland (O Naufrago) bonito, eu apenas olhei pra mim e disse. To a fim de ficar feio.

Auto-tortura? Delírio? Talvez, um pouco disso, mas também a vontade de experimentar.

Eu encaro como uma promoção:

Promoção: Fique 28 dias sem fazer a barba e ganhe 28 dias sem pegar ninguém!

Sim, as pessoas te olham esquisito quando você briga com o barbeiro, perde o presto barba, se perde numa ilha deserta (que não seja a de Lost que tem gilete e maquiagem pra todo mundo).

Com o que eu trabalho então (área de seguros) as pessoas não esperam esse tipo de desleixo, portanto estou sendo tratado com certo desdém por alguns clientes, mesmo os que já me conheciam de outrora. Nem precisei de uma mudança no vestuário para perceber a diferença de tratamento das pessoas, meu desleixo proposital e sem motivo, meu ato de rebelde sem causa me remeteu a enxergar o preconceito de uma forma pessoal.

Hoje completo 21 dias de “promoção”, a coisa tá feia, algumas pessoas demoram a me reconhecer, algumas perguntam o porquê disso, presumem promessa ou aposta, e eu sem uma explicação convincente.

Como é fácil reparar que as pessoas tratam outras pessoas de acordo com a aparência, sim, eu sou uma pessoa também, assisto a reação das pessoas ao me verem, a cara estranha que fazem ao me apresentar, e lembro que já senti o mesmo que essas pessoas ao encontrar pessoas que não se adequavam aos padrões estéticos que nos são impostos, não que as pessoas me maltratem, nada disso, mas têm receio do que esse homem das cavernas irá fazer, falar. Mesmo me portanto do mesmo modo sou recepcionado com maior cautela.

Talvez o preconceito seja isso, enquanto houver padrões estéticos, conceitos de beleza que nos é introduzido mentalmente iremos ter preconceito, claro que o preconceito aqui indicado não chega aos pés do que as minorias sofrem, mas serve de reflexão, sim, minha “promoção” idiota serviu de algo, serviu parar enxergar o tamanho do preconceito que essas pessoas, pessoas como nós, que têm outra opção sexual, de outras raças, etnias, religiões e outros motivos torpes que nos influenciam no modo de tratamento das pessoas.