sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Lista: Dez melhores álbuns de rock lançados em 2010, parte 2

5º Interpol – Interpol

Interpol não é uma banda para qualquer um ouvir, algumas músicas podem parecer monótonas (e até são) para o público menos especializado, mas o que vemos nesse novo cd é coesão instrumental e um show de criatividade.

Não é algo muito diferente do que a banda já fez, mas esse é o trunfo da banda, manter o som com qualidade do mesmo jeito, e não tornar-se repetitivo.

O difícil nesse álbum é buscar os destaques nas músicas separadamente, já que o conjunto de músicas que é o diferencial do álbum.

Destaques: A faixa de abertura Sucess, que já mostra a cara da banda, músicas arrastadas, vocais calmos mesmo no refrão, bateria marcante sem soar forçada, uma boa linha de baixo que completa a bateria, e uma guitarra para delinear melhor a melodia da música, Barricade, talvez a música de maior destaque do álbum, bem trabalhada e com um refrão para ser cantado bem alto e Safe Without, com a já registrada marca da banda.

4º Trans-Continental Hustle – Gogol Bordello

Provavelmente a banda com o som de mais difícil descrição que já ouvi.

Criativa no nome do álbum, da banda, mas principalmente no som, Gogol Bordello é uma banda cheia de membros dos lugares mais diversos do mundo, Filipinas, Ucrânia, Equador, Etiopia, Rússia etc. E parece que cada um trouxe um pouco de sua música local para banda.

O indescritível som da banda ficaria algo entre um Punk europeu oriental, meio russo, meio cigano, meio... Sei lá, só escutando pra saber do que se trata.

Destaques: A música que começa o álbum, Pala Tute, é cantada em três línguas sem parecer mudar, a animada faixa seguinte, My Companjera, com solos de instrumentos que às vezes se confundem, Rebellious Love, Uma Menina, uma música com inspiração no Brasil de acordo com o vocalista da banda, talvez por isso tenha um certo baião, meio samba na música, mesma coisa que acontece em In The Meantime in Pernambuco. Break The Spell chama atenção pelo bom humor sem deixar a boa música e a faixa-título do álbum, também merece destaque, enfim, um puta álbum de uma puta banda.

3º Radioactive – Kings Of Leon

Kings of Leon é uma das bandas mais fantásticas e recentemente perseguidas da música atual, fantástica pelo som que faz, desde 2003 com o lançamento de Youth and Young Manhood, a banda vem incrementando seu som com maestria, fazendo cada álbum ter um estilo diferente sem parecer forçado. Perseguida pelo fato da música Use Somebody do álbum anterior ter feito muito sucesso e ter conquistado 3 grammys no ano passado. Mas porque perseguida? Não sei, parece que o que vemos aqui é a famosa síndrome do underground, aquela que afeta fãs de bandas que não querem vê-las fazendo sucesso.

O fato é que realmente Use Somebody é só uma música da banda e comparada às outras não passa de mais uma. O álbum Come Around Sundown está aqui como mais uma prova disso.

Quem esperava um Kings Of Leon mais comercial, com vários hit’s radiofônicos se enganou, lançaram um cd com boas músicas, mas que lembram os cd’s intermediários entre Youth and Young Manhood e Only Be The Night

O resultado disso foi mais um fantástico álbum para discografia dessa banda que em 7 anos mostrou que pode sim ficar marcada como das maiores de seu tempo.

Destaques: Radioactive, primeiro single, soa bem sincero, bem agitada, e também pode funcionar como hit, Marye, com seu baixo viciante e sua melodia semi-infantil, The Immortals que também tem um baixo bem sonoro e mostra que a banda ainda pode explorar vários estilos sem parecer forçado, o refrão pode gruda na sua cabeça bem rápido, Back Down South, que lembra o estilão country de Youth and Young Manhood só que com a nova marca da banda, o fado ao sucesso.

2º Black Rock – Joe Bonamassa

Jovem, mas veterano, Joe Bonamassa não é dos nomes mais conhecidos no Brasil, mas sem dúvida alguma está entre os mais talentosos músicos do mundo. Seu som mistura um blues rock com hard rock, e às vezes chega a soar como um simples rock and roll.

Bonamassa é criativo, tem extrema técnica, vocais excelentes, e com apenas 33 anos tem 10 cd’s pela carreira solo.

Black Rock é o melhor álbum de sua carreira, nunca soou tão maduro quanto agora, vemos talvez aqui, uma esperança ante o fado do blues.

Destaques: O cover de Bobby Parker Stell Your Heart Away que começa explodindo as caixas de som com muita qualidade, When The Fire Hits The Sea, rápida e agitada, Quarrysma’s Lament com a presença de instrumentos não convencionais ao estilo, melodia incrível e vocais mais sutis do que de costume, a bela Bird On A Wire, o rock and roll de Blue and Evil e a fastástica Nights Life, cover de Willie Nelson que conta com a participação de nada mais nada menos que B.B King.

1º The Suburbs – Arcade Fire

Se eu fugi das listas da crítica especializada nas outras colocações, não consegui fugir em relação à primeira colocada, afinal, não há o que se discutir, The Suburbs é o melhor álbum do ano.

Trata-se de uma obra prima daquelas que marcam época, algo que recentemente no rock só seria comparado ao In Rainbows do Radio Head. A diferença é que se trata de uma banda com bem menos tempo de estrada, mas que mostrou nesse cd que é sim uma das melhores bandas do mundo atualmente.

Tendo em vista que a indústria fonográfica está em crise, a banda vem mostrado uma crescente evolução nas vendas de cd’s, em seu primeiro cd, Funeral, a banda vendeu 750 mil álbuns no mundo, no segundo, Neon Bible, 2 milhões, e em The Suburbs, no auge da crise da indústria a banda vendeu cerca de oito milhões de álbuns sendo o segundo cd mais vendido do ano.

Esse sucesso transformou a pouco conhecida banda canadense em headliners de festivais como o Reading Festival.

O som é objetivo, os 9 instrumentos estão completamente encaixados, parecem soar no momento certo o tempo todo.

Destaques: A faixa título é a melhor música lançada no ano, uma letra convincente, dançante, é a típica música que causa um bem estar instantâneo, a música seguinte do setlist, Ready To Start, é encaixada com o fim de The Suburbs e tem uma áurea animada e animadora, a música seguinte, Modern Man é outra música para causar bem estar, a voz de Win Butler as vezes é seguida por riffs de mesma entonação, fazendo um som extremamente envolvente, Empty Room é toda cantada por Régine Chassagne (baterista da banda), e no fim há uma declaração de amor de Régine para Win Butler (os dois são casados), a música seguinte, City With No Children, se encaixa ao fim de Empty Room e é mais uma bela música, Half Life I tem uma boa climática e Half Life II parece criada para uma versão para as pistas de dança dos anos 70, assim como Sprawl II, Month Of May mostra um lado mais indie rock moderno da banda, Suburban War é das melhores do álbum, tem uma áurea mais séria, os instrumentos soam coesos, a melodia é forte e as partes mais altas da música tem uma sincronia viajante entre todos os instrumentos e a voz de Butler.

O álbum é o único de rock concorrendo a álbum do ano, também concorre a álbum do ano alternativo e Ready To Start está concorrendo a melhor performance do ano no Grammy, todas contra figurões da música pop mundial.

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