O último evento UFC foi provavelmente o
melhor do ano, apenas uma luta por decisão dos juízes, Manvel Gamburyan vs
Michihiro Omigawa (que por sinal foi uma ótima luta), muitos bonitos nocautes e
belas finalizações.
Um dos motivos desse resultado espetacular
foi a escolha de 2 brasileiros para fazerem as lutas principais. Os rivais
Shogun e Lyoto, são sinônimos de boas lutas, seja no quesito emoção ou técnico.
O primeiro brasileiro Rani Yahida abriu muito
bem a noite brasileira com uma bela finalização norte-sul, algo que até então
só tinha visto em competições de jiu-jitsu e submission. Wagner Prado, revelado
no quadro lata-velha do Caldeirão do Hulk começou bem sua luta, mas acabou por
sofrer com uma dedada no olho que transformou o resultado da luta em No
Contest, ou seja, luta sem resultado.
Costumeiramente não comento lutas entre
estrangeiros que não sejam main event’s ou co-main event’s, mas Joe Lauzon vs
Jamie Varner mereceram isso. Lauzon não é resistente como Edgar, um showman
como Pettis, forte como Maynard, ou versátil como Bendo, mas sabe fazer boas
lutas. A prova disso é que o atleta de apenas 28 anos já ganhou 4 vezes o prêmio
de luta da noite. O grappler fantástico já faturou ainda 5 vezes o prêmio de finalizaçãoda
noite e fizera mais uma vez nessa. Mas uma luta com muita trocação onde
houveram várias reviravoltas, até que Lauzon acertara de forma brilhante um
belo triângulo. Provavelmente Joe nunca chegará a disputar o cinturão dessa tão
concorrida categoria, mas ficará marcado na história do MMA assim como Chris
Lytle. Como um lutador que luta bonito.
Lyoto Machida ganhou o melhor adversário que
podia. Um cara na linha do cinturão, com talento incontestável, mas que o jogo
encaixava perfeitamente com o seu. Bader não consegue mesclar bem a sua boa
trocação com seu fantástico wrestriling. Basicamente ou ele faz uma coisa ou
outra e quem conhece MMA sabe que não é nada fácil derrubar Lyoto, e que é
muito difícil tocá-lo. Lyoto impôs seu jogo desde o primeiro momento, manteve a
distância contra-golpeou e não deu trela para Bader. No segundo round continuou
cansando e frustrando as tentativas de Bader, até que ele fizera o que sabe fazer
de melhor, contra-golpeou. E nessa conseguiu um nocaute avassalador sobre
Bader. Lyoto fizera o dever de casa com maestria e foi anunciado por Dana White
(apesar de ter vencido apenas 2 de suas 5 últimas lutas) como o próximo
desafiante ao cinturão, apenas uma luta após ter perdido do atual campeão, Jon
Jones.
Shogun entrou com uma estratégia diferente do
habitual. Evitou a trocação e partiu para o grappling (luta agarrada).
Aparentemente em melhor forma, Shogun dominou o adversário ganhando
contundentemente o primeiro round. A expectativa era que para adotar tal
estratégia Shogun estaria com seu já tão famoso “Shogás” em dia. Mero engano.
Já no corner do intervalo para o segundo round Shogun demonstrou estar exausto
o que acabou atrapalhando duramente seu desempenho. O que era esperado um
passeio do brasileiro acabou se tornando um pesadelo. Ainda mais quando Vera
quase finaliza Shogun com uma guilhotina da guarda. Shogun volta exausto para o
terceiro round, Vera mais inteiro começa a crescer na luta, mas Shogun usa o
jiu-jitsu para derrubar e anular Vera durante o round. Com o início do quarto
round ficou claro que Vera também havia cansado. Shogun com toda sua garra
desferiu bons golpes que levaram o americano ao chão e com os golpes que
sucederam levaram a interrupção do árbitro. O décimo oitavo nocaute das 21
vitórias de Shogun.
Shogun é um dos melhores lutadores de MMA de
todos os tempos, venceu várias lendas do MMA, fez lutas épicas, mas aos 30 anos
não é sombra do atleta que já foi. Shogun tem que entender que sua garra
admirável, seu queixo e mão de aço não são o suficiente para o MMA moderno.
Enquanto Lyoto mudou para os E.U.A, contrata wrestlers de primeira ponta, para
se preparar para luta, Shogun convida amigos para treinar em sua academia. O
resultado é esse. Um atleta despreparado, fora de forma, que só vence as lutas
na base da força de vontade. Mas só na força de vontade, já fora surrado por
Jones. É preciso mostrar o empenho que mostra dentro do octógono também fora
dele, nos treinamentos.
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